Então, eu vi o filme.
Se eu disser que eu
saí maravilhada do cinema eu estaria mentindo. Quando eu estava lá dentro da
sala eu já via tantos problemas que quando eu refleti sobre ele em casa eu tive
noção da catástrofe. Eu sigo uma conta do instagram de uma menina muito fã de
queen que ela disse "definitivamente não é um filme para fãs do
queen", e lendo isso eu pensei, será que eu sou o tipo de fã que ela se
refere? E eu sou.
Eu sou o tipo de fã
que lê livros, que pesquisa. Que sabe da história, que sabe que uma história
mixuruca está sendo contada.
O Rami Malek fez um
péssimo Freddie Mercury, muito caricato, expressões bizarras. Mas o fracasso
que foi o Freddie nesse filme não está somente relacionado a atuação do Rami, e
sim ao roteiro. Eu não sei que merda eles tinham na cabeça escrevendo o roteiro
do filme, de verdade. SEMPRE ficou muito claro que o Freddie era tímido. Ele
era uma rainha nos palcos, promíscuo nas camas e podia até ser chamado de
drogado, mas era tímido, e isso não foi demonstrado de forma clara no filme.
Uma coisa que eu gostei foi que mostraram ele se envolvendo com as pessoas
erradas, mostraram Paul Prenter, a víbora que destruiu a vida dele.
Sobre o Brian May,
não tem muito o que dizer além de lindo maravilhoso perfeito etc etc.
Sobre o Roger Taylor,
não sei se foi o ator, sei lá, eu gostei, mas podia ser melhor. A realidade é
que a caracterização dele ficou muito estranha. Enquanto retrataram as
trocentas mudanças de visual do Freddie, o crescimento do cabelo do Brian e os
vinte milhões de cabelos do John Deacon, o Roger ficou com a mesma aparência o
filme todo, sendo que ele não ficou com a mesma aparência durante vinte anos.
Sobre o John Deacon,
gostei muito do ator que fez ele, principalmente por conta da aparência física
idêntica. Gostei da forma que eles o retrataram, como uma pessoa fora da banda.
Alguém que não ligava se o Freddie estava cheirado de cocaína, contando que
cantasse. Que falava tão pouco que o Freddie não conseguia imaginar uma
profissão pra ele sem ser baixista do Queen. Lindo.
Mas os problemas
maiores foram os furos. Não, o Freddie não veio para o Brasil na época do A
Night At Opera. O Rock In Rio aconteceu em 1985, não em 1975, ele não estava
questionando a sua sexualidade, ele estava tão certo disso que trouxe dois
amantes dele para cá. Não foi um moreninho brasileiro que fez ele descobrir
isso. Não, o Freddie não tinha cabelo curto e bigode na época de We Will Rock
You! Essa música é do News of The World, o mesmo álbum do We Are The Champions,
ele ainda usava o cabelo longo. O Freddie descobriu a AIDS em 1987, não em
1985! Não, ele nunca se assumiu para a mãe! Meu anjo, a Jer já disse "Ele
nunca sentou para mim e disse, eu sabia pelos tabloides”, aquela cena com o Jim
foi linda, mas totalmente fantasiosa.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzQh0WjolQ8hyphenhyphenFfBgEzJT5DX97lSBE2fh4ZV-1Bl_a3vAmMBAAV_RX6SxDOCNjVuA7u2p5qDV1KkVkO8ShKn5DkjMHmg7ClFZhrdUaLW3VzT7mCENYAJDJcXCUHop11Vs6FHzZ9zTS_sc/s320/lindomens3.jpg)
E JIM HUTTON! A
abordagem do Jim Hutton é esquisita, ofensiva. No filme, o Freddie aperta a
bunda dele (ele sendo o seu garçom) e ele fica mega ofendido e ele pede
desculpa e começam a conversar. E tudo isso é estranho, porque o Jim nunca foi
o garçom dele, Jim era um cara qualquer em um bar e com toda certeza não dava a
mínima pra quem o Freddie era ou deixava de ser. O relacionamento deles não
começou com um assédio. Qual é a necessidade disso? Isso foi estranho demais,
além de terem mudado o fato, meio que denegriram uma parte da imagem dele.